quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O Diário de Helena - Parte II


Hahahahaha. Eu não encontrei uma forma melhor de começar a escrever que não fosse rindo. Porque, numa boa, está pra nascer uma mulher tão sortuda quanto eu.
Eu sou advogada. Pelo menos eu pretendi ser um dia. Quero dizer... eu sou, mesmo você se perguntando “como assim essa mulher é advogada?”, ah, não estou nem aí. O fato é que o meu chefe fez uma reunião hoje pra discutirmos sobre uns processos que nosso escritório está cuidando. Essa reunião levou três infindáveis horas. Ainda ouvi de um imbecil que não sei fazer um relatório perfeito. Júlio, meu querido, eu queria muito mandar você pra puta que o paril, porque pra pensar em colocar você no mundo, sua mãe só podia ser uma... enfim.

Saí da reunião pior que o bagaço da laranja espremida. Fui ao cinema. Pensei que comendo uma pipoca grande, tomando uma Coca com bastante gelo e depois adoçando a vida com M&M’s eu me sentiria melhor. O filme? Comédia romântica. Já que a vida tá uma piada, vamos assistir aquele filme que nos dá a história completa. A mocinha gosta do mocinho engraçado, eles ficam juntos, algo acontece, eles se separam e no fim do filme eles voltam a ficar juntos... nada melhor que isso, casais perfeitos, filme perfeito!

Lá fui eu. Sentei na última fileira. Na sala só tinha eu e mais 4 pessoas. Era a última sessão do dia, 23:15. Os trailers começaram. Eu devorei a pipoca e antes do filme ter 15 minutos de duração, ela já tinha acabado. Parti para os M&M’s. Uma coisa terrível aconteceu... quando abri o saquinho, desastrosamente e com lágrimas de muito sofrimento vi metade dos meus chocolatinhos voarem. Não sou tão desastrada assim, não sei o que aconteceu... comi o que me restava. Do meio para o fim do filme comecei a escutar um barulho estranho que vinha da cabine de onde o projetavam. Sou muito curiosa. Levantei e subi em cima da cadeira, com meu salto alto e ainda fazendo esforço para conseguir ver a parte de dentro da cabine. Me dependurei no encosto da cadeira e vi uma cena incrível. Um garoto e uma garota, namorada, sei lá, num amasso daqueles proibidos para menores de 21 anos. O casal me viu. Sabem onde eu fui parar depois?

Bom, boa noite. Acabei de chegar em casa desse dia, digamos que surreal. Hahahahahaha. Não podia terminar de escrever de um jeito que não fosse esse, rindo. Definitivamente uma ducha gostosa me espera. (Júlio, se um dia você ler isso, quero que saiba que... que... quero que você continue indo pra puta que o paril!). Até mais.

> Conheça o blog real da Helena: http://odiariodehelena.blogspot.com.br/

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O diário de Helena - Parte I


“Eu não vou negar que sou louco por você, estou maluco pra te ver, eu não vou negar...”, parafraseando Zezé Di Camargo & Luciano a uma hora dessas da madrugada.
Eu não nego mesmo. Assim como não posso mentir que estou na maior das maiores fases bregas da minha vida. Malacabada, de maquiagem borrada e meia calça rasgada. Quem é que liga pra isso? Quem é que liga de verdade pra mim? Só o porteiro pra me avisar que o encanador vai subir, ou que o motoboy da pizzaria chegou.

Eu que achei que no auge dos meus 34 anos estaria arrasando num lindo apartamento, com aquele carinha maravilhoso, bonito e bom de cama. Além de engraçado e sutilmente sarcástico. Não é um príncipe encantado, vai. Eu não queria muito. Sim, queria, passado. Não quero mais. Cansei dessa busca incansável por uma vida perfeita, por construir uma família daquelas de comercial de margarina, tão falsa quanto meus peitos de silicone. Sim, até isso eu fiz pra ver se o tal do cara aparecia. Bem que eu queria que fosse meu cirurgião plástico. Que homem másculo, viril, superinteressante e irresistível. Gay. Que se dane. Somos capazes de viver sós, com exceção de gêmeos, tri, quadri e assim geminianamente por diante, nascemos sós, não é?

Eu acabei de derrubar uma lágrima. Eu me sinto a Bridget Jones num remake fodido. Porra, 34 anos, em casa sozinha numa noite de sexta-feira, tomando uma cerveja e escrevendo num blog... eu passei do estágio da decadência. Mas tá tudo bem, acreditem. Pior que isso é deixar a lista de reprodução de música automática do computador rolar e ouvir Zezé Di Camargo, Júlio Iglesias, Roberto Carlos, Ritchie, Maysa, entre outros que não preciso citar.

Você deve estar se perguntando por que eu não procuro uma terapia. Se não está, eu falo sobre isso numa boa. Eu sei que uma hora, se já não aconteceu, você me acharia louca. Mas eu sou normal. Bom, a terapia já foi um sonho de consumo pra mim. Me apaixonei pelo meu psicólogo na sexta sessão. Eu não me apaixono fácil não, é que ele era demasiadamente inteligente. Homens inteligentes além de sexys, me conquistam assim como um par de ingressos para uma partida de vôlei. Não que eu seja esportista e tudo o mais, é que adoro esse jogo.

Eis que dou meu último gole. A cerveja já estava quente, assim como essa madrugada. Não aguento mais o brilho dessa a tela. Minha vista cansou. Vou tirar a roupa e dormir como vim ao mundo. Fechando o laptop. Volto amanhã. (Pra quem será que eu falei isso? Ninguém quer saber da sua vida. Que coisa, Helena!)... zZZzz.

> Conheça o blog real da Helena: http://odiariodehelena.blogspot.com.br/

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Folhetim


Não parece que foi ontem que nos conhecemos.
Mesmo com tão pouco tempo já sinto que estás na minha vida há anos.
Não somente esses dois, mais há uns dez.
Sinto o mesmo, na mesma proporção por saber que não podemos mais ser 1+1.
O problema não sou eu. Nem você. O problema é justamente esse: nem eu, nem você. Não tem 2. Tem 1 e 1.

Eu te sinto ir embora, voando como aquela folha seca que é levada pelo vento do outono.
Minhas mãos não alcançam. Meu coração aperta. Mas deixo que vá.
Voa folha, voa até seu lar. Voe tão longe quanto conseguir.
Segue a tua rota, a tua bússola, o teu vento guia.
Ficarei no inverno frio torcendo por tua primavera.
Que brotes, que cresças, que sejas leve e a tão bonita folha verde que conheci.

Já não és mais presa ao meu galho. Já não pertences mais ao meu abraço.
Já não és nem podes ser  meu trevo.
Semearei em outro jardim um outro amor digno de um novo folhetim.