domingo, 18 de novembro de 2012

Hipóstase

Estava pensando em te conquistar. Mesmo sendo imprevisível. Mesmo sendo dissimulado. Mesmo estando do outro lado. 
Estava querendo uma chance pra nós, um momento a sós. 
Estava desfrutando o sabor dos teus beijos e teu toque em imaginação. 
Estava comprando as passagens, quase o avião. Mesmo assim não deixei de viajar. 
Não parei de te desejar. Mesmo sendo uma mentira. Mesmo sendo uma tragédia anunciada. 
Surfei, peguei a onda na crista. você minha prancha me manteve em pé até quando foi conveniente. Minutos. Caí. Não. Você me empurrou. 
Como na capoeira: um golpe, uma rasteira. Uma aqueda. 
Caí de mal jeito no mar. Doeu. Sorte que sei nadar. Sorte que o fundo não era tão longe do raso. 
Meu avião decolou, mas forcei o pouso. 
Em terra firme, já posso me rearrumar. 
Estava pensando em te conquistar. 
Estava só pensando.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Janela da alma


Eu vi uma janela no olhar de uma criança
Eu vi em seu rosto uma esperança
De mudar o que parecia impossível
Eu vi um ser indefeso
Intocável e ileso
De qualquer culpa e afins
Eu vi uma janela no olhar de uma criança
Um suspiro de dor com sabor de vingança
E um semblante inesquecível
Eu vi um tamanho desprezo
Sem causa e efeito
Que pôs em prantos o meu peito
Eu fui uma criança
Com olhar de esperança
Sede de vingança
Dor e mágoas
Que tanto transbordavam em lágrimas
Dignas de uma infinita fraqueza
No espelho hoje eu vejo
Um adulto acabado
Um ser maltratado
Pelo desamor de um pai amaldiçoado