segunda-feira, 12 de março de 2012

III. Uma boca que sente

A última da série.
Agora as postagens voltam ao normal.
Que tenham curtido tanto quanto eu essa inovaçãozinha.
Reflitam e sintam.
Até mais!

III. Uma boca que sente


Doce. Amargo. Azedo. Salgado.
Gelado. Morno. Quente.
Coisas tão óbvias que a minha boca sente.
Como fome.
Como mente.
Como me engana todas as vezes quando minha saliva
não pertence somente a mim.
Que descaso com minha razão quando tem sede de lábios
errados, lábios passados, lábios invejados.
A minha boca sente frio. Sente falta.
Quando parece não sentir mais nada, sente mais.
Sente o inesperado, o surpreendente.
Ela sente, simplesmente sem que eu controle.
Não mais fala. Apenas cala.
Guarda, sacia, aprecia um sabor de noite, um sabor de dia.
Deseja um teor de amor.
Deseja um pouco de frescor.
Procura o doce no amargo.
Envolve, seduz.
Me conduz, me reduz a uma simples e mínima coisa.
Que sente.
Que aparentemente sente.
E sinto até não poder mais sentir.
Minha saliva me condena.
O teu gosto me envenena.
E a minha boca... apenas sente.


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