sábado, 2 de abril de 2011

De quem é a sua felicidade?

Pela janela eu avistava a janela dela.
Ela tão meiga e inocente pensava que era feliz.
Ele tão Homem e tão sagaz, achava que suas mentiras eram maiores do que as de qualquer um - Nunca seriam descobertas.
Pela brecha da minha janela eu via tudo isso acontecer em segundos. Meus olhos não me enganavam.
O macho alfa, garanhão e príncipe encantado era na verdade um patético homenzinho que cismava em ter seu 'h' maiúsculo. Quanta bobagem.
Ela passou por idiota tantas vezes. Tantas que se bobear até posso fazer contas para melhor dizer.
Não, não quero. Vai parecer que sou fofoqueira. Na verdade sou?
Um dia desses ouvi sua janela bater tão forte que achei que naquele momento não tinha mais nenhum vidro.
Pela brecha da minha janela vi que sombras se movimentavam de forma rápida, num fluxo de gestos assustador.
Momentos depois o vejo descendo pela escada que dava para a casa dela.
Virei meu olhar para a janela dela.
Lá estava ela, com uma única lágrima de sangue.
Ela percebeu que eu a olhava. Já era quase madrugada. A rua deserta.
Ouvi: - Eu fui idiota por alguém que não me merecia. Você viu?
Eu: - Via todo dia.
Ela: - Por que nunca me contou?
Eu: - Acho que não me ouviria, sou apenas sua vizinha.
Ela: Eu estava cega.
Eu: E agora já tem óculos. Não coloque sua felicidade nas mãos de qualquer um.
Ela: De quem é a sua felicidade?
Eu: Minha.


Depois daquele dia ela nunca mais abriu a janela.

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