domingo, 3 de abril de 2011

Ainda me falta você

Pensei, pensei, pensei e por horas fiquei ali pensando. Amanheceu. Pensei.
Dormi pensando, sonhei pensando, acordei pensando. Ilusão de tua parte achar que não estou sóbrio ou que estou louco. Dizem por vossos bares que quem ama é insano, loucura acreditar que seja verdade, mas pensei. Dedicava meu tempo inteiramente a sua figura.
No chão, tentava reorgazinar todos aqueles singelos pedaços de papel e aos poucos novamente ia se formando seu belo rosto. Pensei.
Aquele ouro de teus compridos e brilhantes cabelos me iluminava. Podia ver o céu em teu olhar e até mesmo um mar de palavras prontas a sair pela sua delicada boca. Pensei. Podia viajar no teu corpo, fechar os olhos e imaginar teu gosto. Tão doce que eras. Tão amarga ficaste.
Pensei. Aqueles pedaços de papel amassados, dobrados, pisoteados, sujos me faziam amargurar. De tudo podia ver, sentir e lembrar. Somente seu coração não podia tocar. Pensei.
Outrora lembrei-me de esquecer. Pensei. Ali se foi mais uma noite, mais um dia, mais uma, duas, três garrafas curadoras. Render-me seria pôr em cacos todo aquele pequeno e amargurado pulsador que existia em mim. Pensei.
Durante anos esperei resposta, esperei presença, esperei tocar o que a mim era o intocável.
Esperei demais. Aquele que idolatrava e sonhava cuidar para tê-lo somente a minha disposição já não batia mais. Aquela, senhores, aquela que eu sempre amei me deixou e partiu. Partiu sem que eu pudesse ao menos expressar a que velocidade aquilo que eu chamava de amor crescia. Pensei. Foi-se uma vida embora pensando numa outra que havia deixado de viver. Enfrentei o cansaço de longas noites sem dormir, de logos anos sem de casa sair e do fim da minha vida para reencontrá-la. Não mais penso, não mais falo, sequer existo. Mas por você eu ainda espero.

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